quarta-feira, 4 de julho de 2018

O Escritor

O escritor tinha o teclado na sua frente, estava mal colocado, não tinha luz no ecrã.
Havia que franzir os olhos, puxar os óculos para cima, e olhar de lado se fosse para ver as árvores pela janela,  mexendo-se como se tivessem verdadeiros corpos.
O escritor preparava um conto em que o heroí, um escritor, escrevia o que lhe apetecia, interrompido só às vezes para ir à cozinha mexer o guisado.
É verdade, o guisado. era um homem que comia muitos guisados, muitos mesmo, e estava sempre a levantar-se para ir tomar conta.
Então e se eu pusesse um pouquinho de emoção nas folhas?
São verdes, mas têm dois tons, um atrás e outro à frente, e quando o vento lhes bate, agitam-se  como se fossem borboletas.
Cachos delas, que o escritor podia ver se torcesse o tronco na sua direção.
Andava muito a pé.  Alguns quilómetros por dia. Tudo para evitar ganhar o conhecido e tão desagradável #calo de escritor. Num sítio terrível. Aí mesmo!
E conseguia, Graças a deus.





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