domingo, 5 de março de 2017

Vivaldi

Por mim não vens
em Vivaldi.
Talvez por terra
meu anjo
ou então vens em água
num lago
de águas paradas
e veio, e em água
se tornaram as estradas
transparentes
inundando as casas
que eram então
vielas de água
salgada
meu anjo.
Pois se não vens por lágrimas
nem em música
vens em gotas
dentro do nada
mas vens, e veio
debruçado sobre
curvado sobre a água...
debruçado...
os joelhos nos juncos
e os olhos
porque os olhos marejados
o reflexo das torrentes
de palavras,
se não vens por terra
nem em música
é porque permaneces
simplesmente
na imagem ondulada
meu anjo.