segunda-feira, 16 de julho de 2018

Ninfas

Embora tudo tivesse para ser agradável, com os pássaros a chilrear, o ladrar dos cães ao fundo, a mistura intensa do verde das árvores, e as águas calmas do rio, adormecidas pelo verão, havia qualquer coisa de inquietante naquela paisagem bucólica.
Tinha estacionado o carro lá para trás, debaixo de um pinheiro manso, junto à velha estrada ainda do tempo do Estado Novo, cheia de buracos e ravinas perigosas, que tinha percorrido só para me sentar ali, ou noutro lugar parecido, sonhando, como sempre, absorver completamente a beleza circundante.
Sentei-me, então, na margem, na terra arenosa, observando o vôo das libélulas por entre os juncos e os peixes mais atrevidos que chegavam muito próximo dos meus pés, mergulhados na transparência das águas.
Qual não é o meu espanto, quando, ao fixar os olhos onde o caudal do Mondego é mais fundo, duas figuras femininas emergem lentamente das águas. As #ninfas!
Desatei a correr, tropecei várias vezes, entrei no carro, aterrorizada, nem conseguia pô-lo a trabalhar, os Nissan só ligam se pusermos o pé no travão quando rodamos a chave, e eu com o terror, esqueci-me desse pormenor, mas lá consegui, e ala que se faz tarde!
Quando contei o sucedido aos meus  familiares ninguém acreditou. Sugeriram ter apanhado demasiado sol, ou ter comido alguma coisa que me fez mal.
Espero que os meus amigos, desta vez, acreditem em mim.


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