segunda-feira, 9 de julho de 2018

Doces Recordações

A avó Inês, que tinha ido buscar um copo de água, sentou-se na beira da cama e prosseguiu a  história que me estava a contar:
"...E então a árvore maldita prendeu-a com as suas #hastes, e ela gritou de terror...",  mas ao tentar reproduzir o grito da personagem, caiu-lhe a dentadura, que eu apanhei prontamente.
"És um rico menino, obrigada", agradeceu ela depois de a colocar de novo.
"Não, não...! Solta-me, sua pérfida criatura da natureza...!", continuou, mas ao movimentar o corpo, tentando imitar a pobre donzela aflita, saltou-lhe a prótese do ouvido, que eu apanhei prontamente.
"É um querido, o meu netinho", agradeceu ela, mais uma vez.
"...a força do castanheiro diabólico transcendia muito a  humana, e a menina, asfixiava dentro daquele punho fechado, como se a árvore fosse uma garra...", mas, ao cerrar as mãos em demonstração teatral do sucedido, caíram-lhe dois dedos da mão direita, e um parafuso do ante braço, que eu apanhei prontamente.
"És um doce, meu menino", e debruçou-se sobre mim  para me beijar na testa, mas quando o fez, deixou cair um olho que rolou para debaixo da cama, e que eu ia prontamente apanhar, mas ela não me deixou.
"Não, meu querido, está na hora de dormir. Amanhã logo se apanha. Bons sonhos!"






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