Maria sobrevivia do seu esforço, trabalho infindável, bebés nus, meninos descalços. O marido, presente e bom pai, marido benevolente que dizia e pensava: Só tens que me dar cama e roupa lavada. Tratar dos nossos filhos como se só teus fossem, fazer a nossa janta, abrir o corpo no sono de vez em quando.
E Maria fazia e não retorquia, às vezes andava triste mas não chateava nada.
Maria sobrevivia do seu esforço. Levava os meninos à escola, e levava o bebé no colo para não ficar sozinho em casa.
Pelo calor!
Mais pela fresca chegava o seu homem, cansado e contente de chegar a casa, para se recostar, para a Maria limpar a cinza dos seus cigarros sem se zangar.
Um dia, a Maria teve uma surpresa. Reparou no peito duro, no ciclo normal das coisas que tardava em chegar, e dia após dia, continuou fazendo o que já fazia. Carregou sete sacos de compras, a carteira vazia, e levava o bebé no colo para não ficar sozinho em casa.
O corpo nunca a enganava, doía e inchava, e em si pulsava outra vida. E Maria sobrevivia do seu esforço, trabalho infindável. O marido, bom homem, fiel e honesto aninhado no sofá, amante de coisas sem importância, como um copo de vinho, um cinzeiro e algum dinheiro, coisa pouca.
Chegou perto do seu ouvido e disse-lhe:
Estou grávida e muito triste. Carrego um peso no peito, uma dor de encovar os olhos, um sentimento enviesado, um nó na cabeça, uma imensa e eterna pena.
Não estou feliz, estou triste!
Então o seu homem falou da sala de estar para a cozinha e assim disse:
Deixa lá Maria, com tanta tristeza na alma não se deve fazer vida. Não te deixam descansada!
Sobreviveu ela e os seus filhos, que para repartir já não tinham nada. Deram o que tinham uns aos outros, e o pai benevolente, consciente aceitava.
Nesse fatídico dia, Maria levou os filhos à escola e o bebé no colo para não ficar sozinho em casa.
Sobreviveu mais um pouco a Maria, nesse dia sobreviveu!
sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
Sem título
Sombras de luz inclinada
bonecos de marfim
Rosáceas na face espantada
o pitoresco de mim
Nada para dizer
nem de outra forma
nem assim
A palavra desfeita em letra
caída aos meus pés
Só poema sem fim!
bonecos de marfim
Rosáceas na face espantada
o pitoresco de mim
Nada para dizer
nem de outra forma
nem assim
A palavra desfeita em letra
caída aos meus pés
Só poema sem fim!
quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
Minha Nossa Senhora
Descobri o terceiro milagre de Fátima (apesar de já ter sido revelado).
No ana de 2004, o fenómeno de Fátima rendeu à igreja 11,8 milhões de euros. É ou não é um milagre?
Fátima, quando nos visitou, disse aos pastorzinhos:
Vejam lá se dizem a todo o pessoal que eu apareci. Tive uma trabalheira do caraças, nem tinha lá nenhum vestido apropriado, mas depois disseram-me, -- Leva o de lantejoulas para brilhar com o sol. Vai bem arreada que eles vão fazer medalhinhas e canetas com a tua figura. Diz aos pastorzinhos que em 2004 vão ganhar essa pipa de massa, que eles até se vão passar da cabeça. E sobe a uma oliveira, que é mais fácil que um eucalipto.
E pronto, cá estou eu. Não sei se isto é uma oliveira, mas já estou cansada de estar aqui! Os pastorzinhos olharam uns para os outros e pensaram: "Que linda senhora. Nunca vimos nenhuma assim - Donde vieste? Quanto é um euro? Tens algum aí ?
- Vim do céu, ora bolas! Os meninos não vão à missa? Não sabem que existe o céu? Ai! As minhas costas! Vou descer daqui! Euros? Não tenho bolsos ó putos! Náo me deixaram trazer malinha, nem mochila, nada! Que não ficava bem à Nossa Senhora vir de mala.
Os pastorzinhos sentaram-se, as formiguinhas a passar na erva seca, "Anda, senta-te aqui ao pé de nós".
- Ai! Obrigada, estou toda partida da viagem e ainda tenho mais dois milagres para revelar. Deixa ver se me lembro.
Deixa lá isso Nossa Senhora. Quanto vale um euro? Cinco escudos? Dez?
- Duzentos escudos putos, vão ficar ricos graças a mim, por isso, agora a seguir, vão já dizer a toda a gente que me viram. Não dizem os milagres, só dizem que me viram e que estive na conversa e que desbobinei que iam acontecer umas coisas. Ai!! Os outros milagres parece que não me lembro, depois inventem vocês!
Os pastorzinhos sacaram dos seus pães com chouriço e ofereceram.
Ná, obrigada! Não como chouriço nem enchidos nenhuns, fazem-me mal à tripa, e tenho que me ir embora. Pensei que ia encontrar mais gente, mais pastorzinhos! Gostava tanto de ver um pastorzinho bébé! Bem, mas correu bem assim. Corram agora vocês, pastorzinhos. Corram a dizer ao pessoal que me viram, mas atenção, não digam tudo o que eu disse. Vou-me embora. Que vestido horrível para andar aqui!!
E os pastorzinhos acabaram calmamente os seus pães e largaram a correr encosta abaixo encosta acima, encosta abaixo encosta acima, encosta abaixo encosta acima, como a Nossa Senhora lhes tinha mandado, mas depois perceberam que talvez fosse melhor ir diretamente para a aldeia contar tudo mas sem revelar nada. Tantos milhões de euros era muito dinheiro!
Que linda senhora!
No ana de 2004, o fenómeno de Fátima rendeu à igreja 11,8 milhões de euros. É ou não é um milagre?
Fátima, quando nos visitou, disse aos pastorzinhos:
Vejam lá se dizem a todo o pessoal que eu apareci. Tive uma trabalheira do caraças, nem tinha lá nenhum vestido apropriado, mas depois disseram-me, -- Leva o de lantejoulas para brilhar com o sol. Vai bem arreada que eles vão fazer medalhinhas e canetas com a tua figura. Diz aos pastorzinhos que em 2004 vão ganhar essa pipa de massa, que eles até se vão passar da cabeça. E sobe a uma oliveira, que é mais fácil que um eucalipto.
E pronto, cá estou eu. Não sei se isto é uma oliveira, mas já estou cansada de estar aqui! Os pastorzinhos olharam uns para os outros e pensaram: "Que linda senhora. Nunca vimos nenhuma assim - Donde vieste? Quanto é um euro? Tens algum aí ?
- Vim do céu, ora bolas! Os meninos não vão à missa? Não sabem que existe o céu? Ai! As minhas costas! Vou descer daqui! Euros? Não tenho bolsos ó putos! Náo me deixaram trazer malinha, nem mochila, nada! Que não ficava bem à Nossa Senhora vir de mala.
Os pastorzinhos sentaram-se, as formiguinhas a passar na erva seca, "Anda, senta-te aqui ao pé de nós".
- Ai! Obrigada, estou toda partida da viagem e ainda tenho mais dois milagres para revelar. Deixa ver se me lembro.
Deixa lá isso Nossa Senhora. Quanto vale um euro? Cinco escudos? Dez?
- Duzentos escudos putos, vão ficar ricos graças a mim, por isso, agora a seguir, vão já dizer a toda a gente que me viram. Não dizem os milagres, só dizem que me viram e que estive na conversa e que desbobinei que iam acontecer umas coisas. Ai!! Os outros milagres parece que não me lembro, depois inventem vocês!
Os pastorzinhos sacaram dos seus pães com chouriço e ofereceram.
Ná, obrigada! Não como chouriço nem enchidos nenhuns, fazem-me mal à tripa, e tenho que me ir embora. Pensei que ia encontrar mais gente, mais pastorzinhos! Gostava tanto de ver um pastorzinho bébé! Bem, mas correu bem assim. Corram agora vocês, pastorzinhos. Corram a dizer ao pessoal que me viram, mas atenção, não digam tudo o que eu disse. Vou-me embora. Que vestido horrível para andar aqui!!
E os pastorzinhos acabaram calmamente os seus pães e largaram a correr encosta abaixo encosta acima, encosta abaixo encosta acima, encosta abaixo encosta acima, como a Nossa Senhora lhes tinha mandado, mas depois perceberam que talvez fosse melhor ir diretamente para a aldeia contar tudo mas sem revelar nada. Tantos milhões de euros era muito dinheiro!
Que linda senhora!
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
O politicamente correto
O politicamente correto
Não dizer caralho próximo de senhoras de idade.
Não dar peidos em reuniões do concelho de ministros, ou outras.
Não escrever Deus com minúscula.
Em caso algum lavar a peida em público.
O politicamente correto
Nunca reconhecer que há dias em que o sexo é uma verdadeira merda.
Não tirar macacos do nariz fora do automóvel.
Não fumar, nem no quarto, nem na sala, nem na casa toda, nem em nada que tenha telhado e parades. Só à chuva.
Não fuder o juízo às pessoas.
Não mentir, pelo menos descaradamente.
Não esperar um colhão de dias para apanhar a roupa do estendal.
Não tirar a dentadura num espaço com menos de cem metros quadrados.
O politicamente correto
Nunca cobiçar os "bonzaços" das outras.
Não bater, nem no pai, nem na mãe, nem na avó, e não bater com a cabeça nas paredes (brancas).
Nunca mijar pernas abaixo, mesmo velho e doente.
Nunca bater punhetas à luz do dia,
E não ter maus pensamentos,
Nunca por nunca ser!
Não dizer caralho próximo de senhoras de idade.
Não dar peidos em reuniões do concelho de ministros, ou outras.
Não escrever Deus com minúscula.
Em caso algum lavar a peida em público.
O politicamente correto
Nunca reconhecer que há dias em que o sexo é uma verdadeira merda.
Não tirar macacos do nariz fora do automóvel.
Não fumar, nem no quarto, nem na sala, nem na casa toda, nem em nada que tenha telhado e parades. Só à chuva.
Não fuder o juízo às pessoas.
Não mentir, pelo menos descaradamente.
Não esperar um colhão de dias para apanhar a roupa do estendal.
Não tirar a dentadura num espaço com menos de cem metros quadrados.
O politicamente correto
Nunca cobiçar os "bonzaços" das outras.
Não bater, nem no pai, nem na mãe, nem na avó, e não bater com a cabeça nas paredes (brancas).
Nunca mijar pernas abaixo, mesmo velho e doente.
Nunca bater punhetas à luz do dia,
E não ter maus pensamentos,
Nunca por nunca ser!
sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
Peninha
Ainda que pareça uma frase feita
a verdade é que o vento lhe fustigava todo o corpo,
que parecia querer caír
sobre o mar distante.
O mar,
que o nevoeiro raramente deixava ver.
O som,
esse era tenebroso.
convidando-te a descer
o inquietante abrupto horizonte.
Não há palavras!
Ou se as há
eu não as tenho.
Não nesta mesa de cozinha,
no sopé do monte.
a verdade é que o vento lhe fustigava todo o corpo,
que parecia querer caír
sobre o mar distante.
O mar,
que o nevoeiro raramente deixava ver.
O som,
esse era tenebroso.
convidando-te a descer
o inquietante abrupto horizonte.
Não há palavras!
Ou se as há
eu não as tenho.
Não nesta mesa de cozinha,
no sopé do monte.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
Sem título
Havia uma infinidade de coisas entre os seus olhos e as gotas que pingavam da torneira, e vagos pássaros e longínquos automóveis a preencher o silêncio cheio. Não lhe interessava se estava sentado na sanita, ou num banco, ou na varanda mais bonita, O que lhe interessava era reconhecimento da existência e da vida, e era o que os seus grandes olhos olhavam. Apenas os pingos, um a um, que caíam!
quinta-feira, 15 de janeiro de 2015
O arrogante João e a parva Inês
O João tinha uma vida de muitas e lindíssimas mulheres, exibidas como troféus, aos amigos e aos conhecidos, em festas de ocasião.
"Esta é a Inês. Eu tenho cinquenta e ela tem vinte e três". Como aos amigos tanto lhes fazia que a Inês tivesse aquela, ou outra idade qualquer, o João prosseguia na descrição pormenorizada da fortuna do pai da preciosa Inês, um homem que afinal até era para a mesma idade que a sua, e até se tratavam muito familiarmente por "tu"!
E como os amigos pouco interessados estavam em hectares próximos de Beja, ou Viana do Castelo, ou o que fosse, o João insistia que ele e a Inês se davam maravilhosamente, desde que se tinham envolvido, havia dois ou três meses. E não querendo saber os amigos de tão fugaz felicidade, o João passava para os conhecidos, que sempre simulam uma expressão de interesse, e de inevitável delicadeza, como quando se conhece mal alguém, e se tem esperança que da sua conversa nasça alguma coisa de relevante.
E a Inês? A Inês não podia dizer: "Este é o João, e tem metade da minha idade, pois sobrar-lhe-iam apenas onze anos e uns quantos meses de pessoa, o que é um pouco absurdo, e nada vangloriador! Também não podia falar de fortunas, porque o João nada tinha, para além da sua voz quente! O que podia dizer aos amigos era: "Estou completamente apaixonada por este velho a dar para o gordo", mas isso também não ia dizer, porque não é coisa que se revele nem aos amigos, quanto mais aos conhecidos. Até porque, se calhar, disso a Inês nem se apercebia, porque o amor não escolhe idades, nem densidades, nem volumes, nem recheios de carteira!
E não tendo nada de relevante para dizer sobre o João, amando-o só porque o amava, a inocente e inexperiente Inês participava nas conversas, calada, apenas deixando, involuntariamente, os olhos brilhar!
"Esta é a Inês. Eu tenho cinquenta e ela tem vinte e três". Como aos amigos tanto lhes fazia que a Inês tivesse aquela, ou outra idade qualquer, o João prosseguia na descrição pormenorizada da fortuna do pai da preciosa Inês, um homem que afinal até era para a mesma idade que a sua, e até se tratavam muito familiarmente por "tu"!
E como os amigos pouco interessados estavam em hectares próximos de Beja, ou Viana do Castelo, ou o que fosse, o João insistia que ele e a Inês se davam maravilhosamente, desde que se tinham envolvido, havia dois ou três meses. E não querendo saber os amigos de tão fugaz felicidade, o João passava para os conhecidos, que sempre simulam uma expressão de interesse, e de inevitável delicadeza, como quando se conhece mal alguém, e se tem esperança que da sua conversa nasça alguma coisa de relevante.
E a Inês? A Inês não podia dizer: "Este é o João, e tem metade da minha idade, pois sobrar-lhe-iam apenas onze anos e uns quantos meses de pessoa, o que é um pouco absurdo, e nada vangloriador! Também não podia falar de fortunas, porque o João nada tinha, para além da sua voz quente! O que podia dizer aos amigos era: "Estou completamente apaixonada por este velho a dar para o gordo", mas isso também não ia dizer, porque não é coisa que se revele nem aos amigos, quanto mais aos conhecidos. Até porque, se calhar, disso a Inês nem se apercebia, porque o amor não escolhe idades, nem densidades, nem volumes, nem recheios de carteira!
E não tendo nada de relevante para dizer sobre o João, amando-o só porque o amava, a inocente e inexperiente Inês participava nas conversas, calada, apenas deixando, involuntariamente, os olhos brilhar!
Canção
Um mero pensamento
um gesto afetuoso do vento
um mar de palavras
amor de brisa em movimento,
e noutro momento
a chuva em bátegas
Às vezes o dia seguinte
o sol molhado sobre a erva
e depois o tempo
que cai sobre a pele
e sobre o rosto
substituindo
a lágrima transparente
dos olhos breves
e inocentes....
e noutro momento,
diferente,
a chuva em bátegas.
um gesto afetuoso do vento
um mar de palavras
amor de brisa em movimento,
e noutro momento
a chuva em bátegas
Às vezes o dia seguinte
o sol molhado sobre a erva
e depois o tempo
que cai sobre a pele
e sobre o rosto
substituindo
a lágrima transparente
dos olhos breves
e inocentes....
e noutro momento,
diferente,
a chuva em bátegas.
Janela de sotão
O intenso da chuva por trás
por trás a janela do sótão
a sugestão do vento
o tempo cinzento.
À frente uma eloquência de livros
um cavalgar de cavalos
um alento grandioso
uma quimera, sei lá!
À frente um poema sem nada
oco por dentro, evidentemente
pulsando de vida quente
e macia
O intenso da chuva por trás
a janela do sótão
a sugestão do vento
o tempo cinzento...
por trás a janela do sótão
a sugestão do vento
o tempo cinzento.
À frente uma eloquência de livros
um cavalgar de cavalos
um alento grandioso
uma quimera, sei lá!
À frente um poema sem nada
oco por dentro, evidentemente
pulsando de vida quente
e macia
O intenso da chuva por trás
a janela do sótão
a sugestão do vento
o tempo cinzento...
EG, abril de 2019
quinta-feira, 8 de janeiro de 2015
Quinta-feira
O meu dia do corropio é quinta-feira! E o seu? É à sexta não é? É como o meu, dia após dia, nem sábado nem domingo hão-de escapar. A sua hora tranquila é à noite, no sofá, não é? Começa a ver televisão, e o som vai-lhe fugindo junto com as imagens, devagar! E cochila um cochilo torto, e acorda, e mete-se na cama depois de acordar. Estranho não é?
À segunda começa a semana, começa o mês, começa o ano, começa o que começar. À terça começa igualmente qualquer coisa, para mim e para si, não é?
Começa com um apito, um trinado, uma sinfonia, um homem a falar. Qualquer coisa que entre no seu sono profundo, e que, à quarta-feira, ou outro dia à sua escolha, o faça recomeçar.
O meu dia do corropio é quinta-feira! E o seu? É à sexta não é? É como o meu, dia após dia, nem sábado nem domingo hão-de escapar. A sua hora tranquila é à noite, no sofá, não é? Começa a ver televisão, e o som vai-lhe fugindo junto com as imagens, devagar! E cochila um cochilo torto, e acorda, e mete-se na cama depois de acordar. Estranho não é?
À segunda começa a semana, começa o mês, começa o ano, começa o que começar. À terça começa igualmente qualquer coisa, para mim e para si, não é?
Começa com um apito, um trinado, uma sinfonia, um homem a falar. Qualquer coisa que entre no seu sono profundo, e que, à quarta-feira, ou outro dia à sua escolha, o faça recomeçar.
terça-feira, 6 de janeiro de 2015
sábado, 3 de janeiro de 2015
Leia!
Leia! Leia muito português
Que não lhe servirá para nada
Leia a Bola e a Maria
E faça as palavras cruzadas.
Leia jovem, leia adulto,
No país das golpadas,
e discuta consigo mesmo
tudo o que ler lhe deu,
mas que nenhum dos outros leu!
Leia. Sente-se e converse!
Quando fôr falar com um chefe,
um homem bem sucedido,
que sem ler a ponta dum corno
foi sempre sendo promovido.
Comece a ler de pequeno,
Mas não leia Dickens nem Grimm,
leia contos de atrasar,
" A avó foi fazer cócó",
"O penico pequenino",
para não assustar o menino!!
E em jovem leia legendas,
que não é mau para começar!
Leia e escreva mal!
Se quiser ter um bom emprego
é condição preferencial!
Leia muito em Portugal!
Leia ordens de serviço,
A fronha de quem as escreveu,
que de tão incompreensíveis
são as que toda a gente mais leu!
Leia Camões e Pessoa
Ponha os seus óculos de sol
e vá conduzir na broa,
enquanto lê o jornal!
Leia! Leia muito português
Que não lhe servirá para nada
Leia a Bola e a Maria
E faça as palavras cruzadas.
Leia jovem, leia adulto,
No país das golpadas,
e discuta consigo mesmo
tudo o que ler lhe deu,
mas que nenhum dos outros leu!
Leia. Sente-se e converse!
Quando fôr falar com um chefe,
um homem bem sucedido,
que sem ler a ponta dum corno
foi sempre sendo promovido.
Comece a ler de pequeno,
Mas não leia Dickens nem Grimm,
leia contos de atrasar,
" A avó foi fazer cócó",
"O penico pequenino",
para não assustar o menino!!
E em jovem leia legendas,
que não é mau para começar!
Leia e escreva mal!
Se quiser ter um bom emprego
é condição preferencial!
Leia muito em Portugal!
Leia ordens de serviço,
A fronha de quem as escreveu,
que de tão incompreensíveis
são as que toda a gente mais leu!
Leia Camões e Pessoa
Ponha os seus óculos de sol
e vá conduzir na broa,
enquanto lê o jornal!
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