terça-feira, 3 de julho de 2018

......

Um tinha pequenas perversidades estampadas na cara.
O outro fazia de velho maluco, há horas, a movimentar as mãos sem razão aparente.
Levantava os braços e falava qualquer coisa sobre a luz.
O homem dos biscates entrava e saía pela pela porta giratória.
Vestia um macacão azul.
Ao fundo, nos lugares reservados, alguém lia em voz alta para uma velhota de chapéu e bengala.
Outros dançavam no recinto ao som das máquinas.
Dançavam no recinto, misteriosamente observados pelo homem das perversidades estampadas na cara, que se mantinha  encostado à coluna de mármore localizada junto aos  bancos onde a velha estava sentada, e onde liam para ela.
Estavam duas malas no chão e uma cadeira de rodas.
Era uma voz sensual. De mulher.
Os bancos eram corridos.
O outro, o que fazia de velho maluco, sem caraterização, utilizava os cabelos brancos e o ar acabado que tinha de forma natural, continuava a mexer os braços sem razão aparente.
Insistia em querer elevá-los o suficiente para tocar nas lâmpadas com as pontas dos dedos.
Falava qualquer coisa sobre a luz.
O homem dos #biscates passava uma e outra vez pela porta giratória.





Sem comentários:

Enviar um comentário