sexta-feira, 20 de março de 2020

Um Gafanhoto

Andava Rodriguito por entre os pés de feijão, a apanhar umas #vagens para a avó fazer uma sopa, quando um dos muitos gafanhotos que por ali pulavam entre as ervas, meteu conversa com ele.
_Bom dia, Rodriguito! Outra vez por aqui?_
_Bom dia? São 18.30, gafanhoto! Estás baralhado. Também... Com um cérebro tão pequenino, não me admiro que não percebes nada de nada._
_Pronto. Lá vem este, com a mania que é esperto. Ao menos responde! Se não é bom dia, diz boa tarde e deixa-te de coisas._
_Boa tarde, então! Ouviste as notícias? Querem proibir os gafanhotos de falar. Eu acho bem. A minha avó diz que são todos malucos. E maus. Mas ela é muito esperta. Não está para vos aturar e manda-me a mim apanhar a salsa, as alfaces, os feijões, enquanto ela fica a fumar erva sentada em frente à televisão._
_Tchiii! Coitado! Mas olha, isso de nos proibirem coisas nunca dá em nada. Vocês é que são muito obedientes. Connosco não pega._
_Anda cá, gafanhoto, vem mais para perto. Senta-te aqui ao pé de mim. Isso. Agora fecha os olhinhos, vá..._
O gafanhoto, crédulo e confiante, fez o que Rodriguito mandou. Assim que fechou os olhos, a criança esmagou-o com o chinelinho de enfiar nos dedos. O chinelinho era azul bebé.

Sem comentários:

Enviar um comentário