sexta-feira, 20 de março de 2020

Épocas

Estávamos na #época das borrascas e dos ventos fortes, tempos em os chapéus de chuva se revelavam inúteis, virando-se e partindo-se até serem abandonados no chão molhado, ou nos cantos das vielas, ou debaixo dos viadutos e das pontes que atravessavam a cidade.
As aves escondiam-se nos beirais, os gatos nos esconderijos de gato e os indigentes debaixo de cartões, debaixo dos vãos de escada, ou dos toldos das montras.
A maior parte das pessoas chegavam a suas casas encharcadas, mudavam de roupa trocando-a por velhas peças, quentes, macias e confortáveis, ligavam as televisões, preparavam os jantares, enquanto ouviam as bátegas de água fustigando as janelas, batendo nos telhados com uma força que causava medo.
D reparou, mais uma vez, ao sentar-se na beira da cama para finalmente acabar o seu dia, como era bom ouvir a tempestade no conforto do seu quarto bem debaixo do seu edredom previlegiado.
(Lamento muitíssimo, mas apeteceu-me escrever qualquer coisa)

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