sexta-feira, 20 de março de 2020

O Malmequer

Era uma vez um #malmequer transparente.
Evidentemente que, pela sua condição, ninguém o via, mas ele estava longe de perceber que, quando as pessoas diziam, "que lindas flores" não era a ele que se referiam porque, no meio dos outros, julgava-se igual a eles, amarelo e bonito.
Um dia, uma senhora resolveu apanhar uns quantos para levar para casa e pôr numa jarra.
A mão da mulher passava rasando as suas pétalas, colhendo todos menos ele.
O tufo das flores dava mesmo para a janela da cozinha onde foram depositados num belo arranjo, os seus irmãos, e o malmequer transparente podia ver como estava linda a jarra sobre a mesa.
Dias depois, os malmequeres que estavam dentro de casa começaram a perder as pétalas. Primeiro caíram uma ou duas, e a mulher foi limpando e mantendo as flores na cozinha, até ao dia em que ficaram tão feios que ela os colocou no lixo.
O nosso amiguinho continuava vivo mas muito espantado com a sorte dos seus pares.
Foi quando percebeu que mais valia ser transparente.

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