sexta-feira, 20 de março de 2020

Talvez Nas Honduras

Não havia ninguém
e como não havia ninguém as ervas cresceram, 
as janelas quebraram, 
o corpo tombou, a boca sem sorrisos
pareceu-me cair no chão e fazer
um grande estardalhaço.
E como não havia ninguém 
as pedras deixaram de se ver, submersas
no mar verde.
E como não havia, nem música 
de pássaros, nem nada, não podia 
sorrir, 
nem havia ondas nas praias, sequer,
as faces iam-se-lhe enrugando pela 
passagem do tempo e dançava ao som
de coisa nenhuma e não ria dos rios 
que passavam indiferentes 
às palavras.
E como estava preenchido daquele vazio inconcebível, 
inventava as flores, 
procurava conforto nelas, nas flores de inverno.
E como não, 
como não olhava as nuvens que não se viam, nem chovia, nem fazia sol, nem 
nada de relevante acontecia, 
apenas estava, aguardando.
E como estava, assim, 
apenas esperando, a mente, a mente 
acabava 
por alucinar, 
e não via ninguém de tantos que
existiam e das vozes que cantavam e que 
nem percebia ouvir.
E dormitava...

Sem comentários:

Enviar um comentário