sexta-feira, 20 de março de 2020

Mais Um Conto De Natal

#Gáudio Prudêncio Ruivo andava apreensivo com a sua árvore de Natal.
Tinha a nítida sensação que os enfeites que lhe colocara de início, quando a montara, eram cada vez menos e a árvore, que lhe parecera tão linda e bem enfeitada, agora estava quase nua, descuidada, como se tivesse sido decorada à pressa e sem primor nenhum.
A primeira ideia que lhe veio à cabeça foi a de que o gato tivesse alguma culpa no cartório, pois como sabemos, os gatos gostam muito de brincar com as bolinhas e outros penduricalhos natalícios, e por isso não relevou, mas quando contou, bem contadas, doze grandes bolas azuis e seis estrelas prateadas, acabadas de comprar e colocadas de imediato na árvore, e no dia seguinte só havia três das primeiras e duas das segundas, Gáudio Prudêncio percebeu que algo se passava durante a noite, enquanto dormia.
Decidiu, então, ficar acordado até de madrugada para espreitar o que se passava de tão estranho na sua sala de estar.
Eram já altas horas da noite quando ouviu um ligeiro ruído através da porta do quarto.
Pé ante pé, levantou-se da cama e foi espreitar.
Quatro minúsculas fadas vestidas de branco voavam em torno da árvore. Riam, com risinhos cristalinos, e os seus corpos emanavam uma poeira brilhante enquanto, escondendo-se umas das outras, atiravam bolas e estrelas pelo ar. Também os enfeites ficavam suspensos, presos por magia na atmosfera encantada que se formara em torno da árvore de Natal.
Gáudio estava tão maravilhado com o que via que acabou por provocar algum ruído o que assustou as criaturas do mundo dos sonhos e da fantasia, e elas fugiram passando os seus corpos voláteis pelas frestas da janela e levando consigo os adornos de Natal.

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