quinta-feira, 4 de abril de 2019

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Lá para o fundo de uns terrenos, já no fim do casario que descia o monte alinhado em relação à  estrada, havia uma casa muito bonita, arejada entre o gradeamento de ferro forjado e verde, que mal tapavam ou protegiam as suas varandas estreitas, por todo o lado.
Via-se o milheiral até aos salgueiros quando penteavavm as suas grandes cabeleiras junto ao rio, debruçados sobre a água penteando as suas longas cabeleiras. a água que lhes servia de espelho.
Havia a solidão das grades de ferro, os cães zangados como não se zangam por cá.

Quando observei melhor, vi os salgueiros a pentearem as suas grandes cabeleiras lisas debruçando-se sobre o rio, e aproveitando a água como espelho, para lá dos milheirais dos lodeiros.
Os meus pés sentiram o poder da terra como se o tempo não tivesse passado por mim.
Lembrei-me do ferro forjado que encostava à barriga para melhor observação dos pássaros, para lá do rio, mas ainda hoje me parece solitário atravessar o pinhal dos fantasmas sossegados, ou ouvir o lobo na noite, entre  da madeira dos móveis e os ruídos incomreensíveis das telhas.

Chovia, assim como hoje.
Os salgueiros debruçavam-se
para, aproveitando a escassa
luz e o espelho que
lhes fornecia a água do rio,
pentearem as sua longas cabeleiras.

Encostava a solidão da barriga
ao gradeamento
na bela casa das varandas
que davam para os lodeiros verdes,
atravessava o milheiral com os olhos
até lá ao fundo, onde se penteavam
os salgueiros,
para os ver na chuva,
assim como hoje.






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