sexta-feira, 5 de abril de 2019

Dona Angelina

Atrás da capela, havia um pequeno terreno onde a dona Angelina, com a devida autorização do padre, tinha feito uma hortazinha.
Acontece que nem sempre as coisa lhe corriam como ela esperava, já que os pássaros, juntamente com os gatos, os cães e as toupeiras lhe estragavam  o que ela lá tentava semear ou plantar.
Uns gostavam das sementes, outros das folhas tenras, os cães deitavam-se em cima dos alfobres acabados de colocar destruindo tudo, as toupeiras e os ratos roíam os tubérculos mais saborosos, enfim, o espaço tornou-se a alegria dos animais e o desespero da dona Angelina.
Era frequente ver-se ela sair pela porta dos fundos a ameaçá-los com o santo António nas mãos, ou a esfregona, pronta a atingir os que conseguisse apanhar.
O padre Libério já a tinha aconselhado a desistir, mas ela, teimosa, insistia que, se Deus quisesse, alguma coisa haveria de vingar, para dar aos mais carenciados da aldeia.
Um dia, enquanto passava a ferro o hábito do senhor prior, junto à janela, ao mesmo tempo que controlava os melros, reparou numa figura encostada ao muro, e que nunca tinha visto por aquelas bandas.
Desligou o ferro de engomar, cuidadosamente, pousou-o na tábua, e saíu de casa para se dirigir ao homem, com o intuíto de lhe perguntar o que queria.
A criatura repondeu ao seu cumprimento, muito amavelmente, um anjo,era o que parecia, com as suas vestes brancas.
"O que queres?" perguntou a senhora.
"Venho lembrar-te, mulher", respondeu a simpática criatura, "Para teu bem, e para o bem de todos os seres vivos que tão felizes são neste lugar sagrado, não ignores  a #quinoa!"
Felizmente que tinha uma caneta no bolso do avental  para lhe pedir um autógrafo, porque queria ficar com a recordação de ter visto um anjo ao vivo.
O anjo escreveu-lhe nas costas: "Felicidades para todos", e assinou: Anjo
Depois  despediu-se, deixando a dona Angelina a chorar de felicidade.








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