sexta-feira, 8 de junho de 2018

Homenagem ao meu Gato Preto

Não que perceba exatamente o que diz, palavra por palavra, mas o tom que utiliza não me deixa margem para dúvidas. Aquela conversa é comigo.
Chegou a casa ficou logo enfurecida, nem tive direito a uma meiguice nem nada.
Já o tinha previsto. Sei muito bem quando faço coisas indevidas, e se me lembrei de brincar com umas bolitas que estavam em cima da mesa, dentro de uma taça, também me ocorreu que mais tarde poderia ter problemas.
São giras. Têm uns  pézinhos que ficam agarrados às minhas unhas. Provoco-lhes ligeiros movimentos, com as patas, e depois agarro-as, e volto a agarrar até se desfazerem.
Na verdade não duram muito tempo, e quando se desfazem, deitam um líquido encarnado do seu interior.
Depois de esborrachadas  ficam sem graça nenhuma e vou buscar outras. Ainda restam algumas.
Também gosto de as atirar para o chão. Salto lá para cima e puxo-as devagarinho, até à beira da mesa. Mais um toquezinho, e aí vão elas!
Está-me a chamar. Que chata.
Vou ou não vou? Espreguiço-me. Estico-me para desenrolar o corpo enrolado da sesta e vou para bocejar, mas reparo que ainda tenho o pelo das patas um bocadinho pegajoso, e preparo-me para o lavar, mas  lá vem ela, que refila.
Anda atrás de mim.  Ala que se faz tarde, deves pensar que és muito rápida!  Quando deres por isso já me escondi atrás do sofá, e se tentares caçar-me  com os teus truques manhosos, subo as escadas, ainda nem tu saíste do mesmo sítio, e pisgo-me lá para cima.
Tanto já falaste que até já lhes aprendi o nome. São #cerejas.




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