quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

A Sombra do #Grifo

Em frente à lareira,
dois dormitavam embalados pelo calor do fogo.
Primeiro tinha-os hipnotozado,
depois aquecido confortavelmente,
até que os levou para o mundo dos sonhos.
Ele,
de comportamentos diferentes,
permanecia silencioso olhando as chamas.,
Lá fora,
o frio selvagem  tendia a gelar-lhe as mãos,
e foi por isso que se juntou aos outros que dormiam.

Quando esmorecia, acrescentava-lhe um tronco,
remexia as brasas,
e entretinha-se a vê-lo reavivar,
a ouvir estalar os restos de resina,
ou as cascas,
e então as cores laranja lembravam-no o sol a pôr.-se
num entardecer de fogo junto ao mar.
Havia aroma de louro e de tomilho em recordações antigas,
que passavam na cabeça dos velhotes,
que dormiam embalados pelo fogo que os tinha hipnotizado.
Os pensamentos repetiam-se nas mesmas imagens que gostava de sonhar.
Os cães enrolavam-se debaixo do telheiro, ao sol.
A casa era pequena, forrada de azulejos feios e virada para o mar.
No pátio, da terra arenosa brotavam espécies
que gostam de terra arenosa,
hibiscos e buganvílias alegravam os terraços
e as bermas junto à praia,
e, no meio das ervas secas
evidenciavam-se colorindo,
e o dia iluminava ainda mais.
Acordaram em simultâneo,
do sono que os prendeu à inevitabilidade
de morrer, e por isso rodavam,
em tempos,
ou pelo quintal gelado,
ou pela beira das ondas, ou pela cidade.









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