sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Sem titulo e Publicado em rascunho (1)

O homem entrou na sala, sentou-se à secretária, puxou a cadeira para a frente.
Quando começasse, queria estar preparado, como uma sinfonia em que entramos nela e não nos capacitamos de mais  nada a não ser aquele mundo perdido que enche tudo o que não se vê.
Debaixo dos seus pés,o tapete tinha enrolado, ,
puxado pelo peso do corpo.
Foi buscar água. A sede incomodava-o cada vez mais, como se as letras lhe levassem as últimas gotas, os poros suados desperdiçassem todo o líquido necessário.
Antes de lá chegar, já tinha na ideia dois personagens. Tinha-os imaginado na paragem do autocarro, como se estivessem à sua frente, conversando. A mulher era gorda e vestia um vestido azul com flores brancas, viam-se-lhe refegos de carne em arcos sobre a cintura, e o homem era normal, talvez magro, talvez um pouco baixo para o costume das nossas terras. Possuia uma enorme barba negra cujo bico apontava do seu queixo para as pessoas.
Discutiam qualquer coisa que não percebi, no momento, mas que agora vejo que devia ter estado com mais atenção, porque me chamaram para depôr, um deles morreu, caíu ali, esfaqueado por um ataque de coração, eu sabia que alguma coisa iria acontecer.
Antes de saber quem eram,  um engano para todos, ele levou uma facada, afinal, e sangrou muito até chegarem os bombeiros, que o levaram.
Ela, aturdida, parou de comer o gelado de chocolate, que derreteu, livre, escorrendo pelos dedos até ao pulso, e até ser absorvido pelos punhos do tecido às flores, e secar num instante aproveitando o calor que estava naquela tarde.

O burburinho era imenso, confundia-se com o tráfego mesmo ali ao lado, com os motores e com as buzinadelas.
Bebeu dois ou três golos diretamente da garrafa, e fez questão de endireitar as costas.
Enquanto os sapatos não se moldavam ao seu pé faziam-lhe doer horrores, e depois dà vontade.e muito usados alargavam para os lados para os ossos espalmarem  à vontade, e suportarem melhor aquela gordura toda debaixo das flores amarelas e brancas sobre o fundo azul, oscilavam as peles gordas da mulher. O homem foi condignamente tratado, apenas lhe cortaram a barbas por uma questão de higiene, no hospital


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