sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Mais Um Conto de Natal.

#Álgido Fagundes adorava o Natal.
Vivia aquelas horas até se abrirem as prendas com uma enorme ansiedade. Nem conseguia comer como deve ser, e a mãe sempre em cima dele, "então o bacalhauzinho, Gigi? Não vai?
A tia Anémona ia lá ajudá-lo, enchia o garfo com aquela mistela e enfiava-lha pela boca abaixo, quer ele quisesse, quer não.
Depois ficava muito direita ao lado da mesa, à espera.
Quando ele conseguia deglutir a massa fibrosa que se lhe formava na boca, nem um segundo passava e levava com outra pasada da mesma matéria  para mastigar indefinidamente.
Mas o tempo ia passando assim, já os outros meninos brincavam,
Estava em pulgas para ver o o conteúdo do embrulho do papel verde com pinguins. Seria o que pediu e o que tanto tinha falado ao pai natal para lhe trazer da Lapónia?
Ou seria para a avó que era uma pedinchona, e que já tinha falado no cobertor elétrico uma dúzia de vezes?
Tinha feito uma aposta com ela, a ver quem é que recebia as prendas maiores, e então, ela, muito esperta começou a insinuar  coisas enormes de que se lembrou, até um colchão com uma grande fita azul, e um cartão que dizia, "As saudades que vamos ter quando morreres", espetado com um alfinete na parte superior, ela recebeu naquele ano.
E para mais, fora ela, todo o jantar, a instigar a mãe para ralhar com ele por causa da comida. Ela e a tia Anémona.
Odiava-as.

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