sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Fica Um Esboço

Ficam aqui registados para sempre os corações
que me entregaram sem eu pedir.
São os corações que ficam,
desenhos cor de rosa
que não desprezo porque não desprezo corações.
Nenhuns.
Nem o meu enquanto pulsar
mais ou menos acelerado.

Depois se verá se as palavras comoviam,
se era apenas saudades de estarem juntas
ou simples natureza morta
vinda das mãos de um pintor apático,
#Xerxes reinventado,
encadeado com o sol.

Perante, contudo,
metia estas últimas em fio laranja acetinado,
seja lá o que isso fôr, que condiz com outra cor.
Repito que pulsam.
O meu objetivo é só um.
Furar determinadas palavras como contas de colar para,
quando eu quiser,
as deixar cair no chão e rolarem no tempo guardadas
entre as ranhuras das tábuas.

Não deixou escapar a maçã, a folha de carvalho,
o vermelho vivo do sangue.
Isso não.

Sobre a mesa, de sobreaviso,
estavam dispostas as caixas com as letras,
tudo muito arrumado por secções.

O amarelo.
Não é que seja a minha cor preferida.
Não tenho cores preferidas, todas são belas,
em azul bebé de escrever o que me apetecer,
e depois são outras cores bombeadadas,
percorrendo o corpo pelos túneis habituais.

Por entre a terra circulavam os meus bichos de estimação.
Minhocas.

Nem podia fazer de outra forma.
Teria que olhar para as teclas primeiro para saber
como utilizar os  dedos rapidamente.
Os personagens são impacientes
principalmente os pássaros.
Tal como o inventor,  precisam
de mexer as mãos com destreza para não perderem o fio à meada,
para controlarem o caminho da insensatez,
ou da inexperiência. ou de outro azar qualquer.

Era um  soldado que vestia alucinadamente,
como só um arlequim pode vestir.
O seu cavalo era verde por causa da clorofila,
e galopava tão  velozmente que a sua crina brilhante esvoaçava
e se entrelaçava nas árvores dispostas nas beira das escadas.
as folhas foram-se embora e agora ficam os cabelos,
como fitas de Natal.

Esfregou as mãos de contente, por a ver nascer.
Era o mais bonito, ver nascer a joía,
e então em Lisboa, cidade de colinas,
imaginá-la num bonito pescoço branco.
Acabam por fazer de luzes luminosas
que contornam os barcos e a humidade que o rio provoca,
a acender e apagar.
sem se aperceberem.
Ou ao contrário, fingem que iluminam o negro da noite
que ninguém conhece.

Correram um atrás do outro, figuras encantadas, que riam.
Riam tanto que não eram capazes de manter o silêncio
quando  necessário,
Para os ouvir, cantando, naquela confusão equivocados com
a eletricidade
pensando que é a luz do sol.
As mangas de balão ajudavam a subida, degrau a degrau.
O vento entrava pelo decote, ou pelos punhos,
largos para o pulso. Os pulmões rspiravam alcatrão
Praças empedradas com os olhos no chão dos corações
de papel.

Se eu quisesse inventava uma história. Mas  não quero,
ou não consigo, não sei.
As histórias são todas parvas
São a estátua pensativa a sobressair de um círculo de ciclamens
em flor, só porque estamos no tempo deles,









Sem comentários:

Enviar um comentário