quinta-feira, 1 de novembro de 2018

#Imbróglio


Lá em baixo, rondam um homem e uma mulher.
Ora um, ora outro, cada um no seu pedaço,
fazem as suas hortinhas, separados por
um pequeno riacho murado.

Ás vezes, andam por lá os dois ao mesmo tempo.
Talvez nem se apercebam um do outro,
ambos cavando abóboras e  outras plantas comestíveis.

Sempre farão algum ruído comum, digo eu,
que possam reconhecer,
para que não se sintam amedrontados
com alguma má intenção, oculta do outro lado.

Construíram, com canas, ou com o que tinham mais à mão,
traves mestras que mal suportam os seus velhos toldos rasgados,
que tinham para lá, na garagem.

Depois, colocam aqueles  grandes recipientes vazios no chão,
com o objetivo de aproveitar a água pluvial.
Espalham-nos como sementes atiradas ao ar, aleatoriamente.

O processo, rudimentar, de armazenar
o recurso da chuva é louvável,
mas o horizonte é violentado pelo horroroso
plástico azul, que esfaqueia, mais uma vez,
a  bela paisagem.

Também cá em cima acontecem coisas desagradáveis.

 As folhas que o vento transportou até aqui,
e que vieram a rolar como quem dança livremente
por todas as estações do ano,
ficaram ensopadas, e transformadas em pequenos montes
de lixo repelente, por aí espalhado.

E não sei mais que escreva que não seja nada.
Fim











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