quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Um #Gesto Normal

Andavam os anjos e as fadas madrinhas na sua rotina normal, correndo para o comboio, dentro dos automóveis no trânsito a praguejar uns contra os outros, muito irritados, ou nas compras de última hora, antes de chegarem a casa para um jantar rápido com as famílias, na sua azáfama habitual  e distraída, quando alguém reparou que , do céu, se aproximava qualquer coisa.
À medida que o vulto estava mais visível, puderam perceber que se tratava de uma pessoa normal, daquelas que só se viam nos filmes, ou nos livros, ou noutro qualquer mundo fantasioso.
Que se soubesse, concretamente, nunca ninguém tinha avistado semelhante ser, muito embora houvesse por todo lado representações suas, mas, tal como os dragões ou os minotauros, por exemplo, nada de o ver ao vivo. As pessoas normais pareciam não existir, só mesmo na imaginação de cada uma e de cada um.
Quando a pessoa normal aterrou sobre a estrada, fez, aliás,  uma aterragem perfeita, foi perdendo velocidade suave e gradualmente, até estancar completamente e sorrir para quem a observava,
os anjos foram-se juntando, encolhendo as asas ao longo do corpo para melhor se arrumarem uns nos outros e as fadas largaram os  afazeres que tinham com os seus protegidos, formando todos um círculo imperfeito à volta da criatura.
"Eu sou o Albano, Sou uma Pessoa normal"
Na plateia, alguém não gostou do que ouviu
"O quê? É só isso que tens para nos dizer? Isso já nós percebemos, Vê lá...!"
E para maior provocação, fazia #gestos com os punhos cerrados, como quem, a qualquer momento, lhe poderia espetar um soco na cara.
A multidão, influênciada pela criatura alfa que se encontrava no meio deles, começou a apanhar pedras para atirar ao Albano, mas, felizmente, acertaram-lhe no capacete, e ele, antes que se fizesse tarde,  ligou o motor e descolou até não se ver mais do que um ponto no horizonte.






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