domingo, 10 de março de 2019

#Solos Incertos

Ia concentrado na estrada, a cantarolar ao som da rádio, "Oh, epifânea das epifâneas, ainda bem que regressaaasteee!!!", quando deu conta de um clarão do seu lado direito.
Encostou à berma e saíu do carro.
Á primeira impressão não viu nada de extraordinário, tudo estava sereno, nem os arbustos se mexiam naquela noite sem vento,
Após uma melhor observação do que o rodeava,  vislumbrou pequenas luzes na escuridão como pirilampos espalhados pelos montes, e que brilhavam como olhos de gnomo.
Mais espantado ficou quando várias criaturas pequenas começaram a mover-se em direção a ele.
Em segundos, encheu-se de terror e fugiu entrando no carro o mais rapidamente que lhe foi possível, com a atrapalhação do medo a empatá-lo.
Fez a estrada perigosa, de regresso, à mais alta velocidade, só queria chegar a casa para ter o conforto da mulher e dos filhos, para lhes contar a fabulosa peripécia que tinha vivido momentos antes.
O carro ficou atravessado no caminho com as portas abertas, não havia tempo a perder com pormenores, era importante relatar o sucedido, até saltou o muro do jardim para não ter de abrir o portão.
Gostaria de retornar ao local com mais alguém.
A mulher, estremunhada, mal abria os olhos para o ouvir.
Acendeu a luz do candeeiro de cabeceira, sentou-se como pôde e endireitou o cabelo:
"Andas sempre na lua, meu querido. Hoje é dia quatro, é a festa dos olhos dourados. As crianças saem durante a noite, com os olhinhos cheios de pó dourado e escondem-se atrás dos arbustos. E para mais, Anibal, bebes e fumas muito, e depois ficas nessa ansiedade. Dorme."





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