domingo, 7 de outubro de 2018

Versos para uma #lápide impensável



Só imagino  o pânico dos animais daquelas árvores, os buracos das toupeiras, os pássaros residentes
a dormirem nos abrigos, quando as chamas, rápidas,...os coelhos, os veados...

Só imagino tudo a arder, a começar lá por cima, pelo topo.

Quem já lá esteve, em dias como esse, sabe que o vento é quase tão poderoso como o peso
do nosso insignificante corpo, e nos quer derrubar pela falésia abaixo, para as profundezas do nevoeiro insondável.

Por um pouco, não é mais forte do que nós.

Só imagino as chamas alimentadas precisamente por ele, descendo a encosta e varrendo tudo.

Abeirava-me da janela e via, lá ao fundo, a bola de fogo, tremeluzente.

Só imagino a estrada sinuosa e verdejante do caminho até lá.

Só imagino também isso a arder e lembro-me, outra vez, dos pássaros em debandada e das outras criaturas pequenas que vão morrer.

Depois imagino um dia limpo, para ver o infinito na vastidão de mar que é possivel ver de lá de cima.
Dali do meu posto, naquela posição de olhar em volta, com os passadiços a riscar a mata infinita,

E nós, abrigados na capela dos monges solitários e antigos, na vida que pulsa, caminhando sobre a terra, debaixo das pedras.

Só imagino tudo a arder.















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