segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Sempre, ou #Maniqueismo, ou o Bem, ou o Mal.

Sempre que me sento aqui, discutindo assuntos contigo, reparo que pouco envelheces.

Conforme o crescimento das folhas, assim muda o teu perfil, de gigante aletátorio nascido dos plátanos.

Uma invenção, é verdade, mas, o que é facto, é que, mesmo quando não há folhas, porque o inverno já as levou todas para o chão, a tua silhueta não desaparece, continua definida numa renda de madeira viva.

Reparo que perdeste o queixo ponteagudo, de um ano para o outro, e ganhaste uma expressão  de criança inocente, de contornos  arredondados, um capricho da mãe  natureza, e com o qual nada tenho  a ver, nem me parece que corresponda verdadeiramente à tua personalidade.

Os buracos das órbitas, esses, mantêm-se intactos, desde sempre, como  parentises necessários para uma explicação aparte que preciso dar a alguém, e, como poderias perfeitamente ser um pássaro, alinham-se para que eu os veja, daqui,  sobrepostos como se fossem um só.

 Felizmente que assim é, porque, quando desaparecer esse espaço vazio, ou esses espaços vazios, convenhamos, é porque um de nós, muito provavelmente, já deixou  de existir.
É o lugar cativo dos olhos. Oco, para haver abertura.

Fico tão feliz por te conhecer, já tantos anos passados, de amizade, em que me acompanhaste no tempo, aquietando-o.

Temos oportunidade de conversar sempre que queremos, um previlégio, acredita, e também serve para evitar a confusão. Não gosto de confusões na cabeça.
E assim tenho-te a ti,

Estão recriados os moínhos de vento.daquele outro sonhador, quero lá saber, é uma mentira excecional que resolveu ganhar vida, e disso eu não me esqueço, nunca. Mas atenção, porque estes são mais verdadeiros, mais reais.

 Estão, efetivamente ali, recortados na paisagem. disponíveis para quem os queira..., mas parece não haver ninguém...

O mau tempo vai levar tudo. Aliviar-te-á desse verde brutal que te encurva as costas, por causa do peso das folhas de papel, sempre vou  roubando uma ou outra, como  um vício.

Mas falaremos na mesma, tu não és como eu. Tu não tens frio, ou qualquer outro desconforto, só sede, eventualmente, nas estações mais quentes, talvez...

Portanto, ainda que debaixo da chuva, ou de outros temporais gelados, serás meu amigo, e não é este vidro que nos separa, um simples vidro, frágil, que não me fará recordar-te para sempre e estou certa que farás o mesmo comigo.


São troncos em desordem, impossíveis de aproveitar como linhas paralelas para escrever poemas.
E são atirados para o céu, como braços.











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