quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

0 bibelot de louça escorregou-lhe da mão e foi-se escaqueirar contra o soalho. 
"Ai, Jesus, o que vai dizer a D. Esmeralda, logo este pratinho Vista Alegre, que ela estimava tanto. O que vale é que  a patroa é boa senhora. Primeiro há-de mostrar-se contrariada, faz aquela carinha de cú que costuma fazer em ocasiões  idênticas, mas depois perdoa e até  acaba por se esquecer. Estou a imaginar, _não  faz mal, Lurdes. Só acontece a quem faz as coisas_ e é bem capaz de ainda me fazer uma festa na cabeça,  como se eu fosse um animal doméstico, deus queira que não,  porque já  não  aguento esse gesto por muito nais tempo."
"Esfanicou-se todo. Nem dá para colar, como fiz à moldura do falecido, e quando ela deu por isso, contei com a baralhação que a idade provoca e disse-lhe que sempre tinha conhecido a moldura assim, partida e concertada desde que entrara naquela casa para trabalhar, fazia dezoito anos. Acabou por acreditar e fez-me uma festa na cabeça,  malditas festas, enquanto pedia desculpa por se ter enganado, e eu respondia ao pedido de desculpas com um ligeiro trejeito amuado como se fosse inconcebível poder  pensar que eu não  estivesse a dizer a #verdade.


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