segunda-feira, 18 de maio de 2020

#Quarentena 1500

Foi capaz de me comover, uma carrinha de caixa aberta que passou cheia de flores de cores vivas para os jardineiros salpicarem aquele esplendor em verde.
Nem brinco, quando digo que me deixei envolver pelas árvores e que os duendes que lá estavam não me incomodaram uma única vez, enquanto passeava pelos trilhos sombrios que as suas copas cobriam prendendo os raios de sol luminoso que ficavam retidos em luz nas folhas.
Nem Alice ali chegou, nunca, onde ela consegue chegar, por onde onde passa, com a sua leveza tridimensional, e aquelas rodas que nem sequer chegam a tocar no chão terroso.
Quantos portões de ferro se apresentam à minha frente, pelo caminho, nem preciso atravessá-los para sentir o peito, os olhos humedecidos por causa de uma carrinha com flores que estupidamente me surpreende.
Plátanos vulgares, esse desgosto só meu, impõem-se, atingindo, com os anos, a dimensão de gigantes inenarráveis, fazendo-me sentir criança uma e outra vez.
Os seus troncos são tão largos que não os consigo abraçar, nem eu, nem ninguém é capaz de o fazer, e por isso eles se mantém assim, solitários.
Ela foi à minha frente, dando cor ao musgo e às pedras. Em cada canteiro se via o trabalho iniciado, o saltitar do cão junto à estátua, junto à fonte dos amores, nem Alice se atreveria a chegar tão longe, porque Alice nunca existiu e eu estava ali.





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