sábado, 29 de setembro de 2018

Dois Soís




Gostava de ver os dois soís a esmoreceram,
juntos, do outro lado do mar,
era tão bonito,
com os cães a segui-lo
e depois sentavam-se ao seu lado,
a observar.
até desaparecerem por completo
as duas bolas de fogo no horizonte,
e eles se enfiarem todos pela noite dentro.

Por tudo e por nada se riam, como perdidos,
ou porque tinham abelhas nos ouvidos,
ou simplesmente do ruído dos automóveis
que passam na estrada.
ou, mais raramente,
do #escape das motorizadas àquela hora da noite.

É sempre  um efeito inesperado que exerce nas coisas,
aquela escuridão.
Ás vezes, também propicia arrepios de medo.

Tudo são sombras indefinidas,
não há visibilidade nas fracas luzes amarelas,
nem se podem pisar umas folhas secas
sem as ouvir,
como um eco, e eu a ver
a silhueta do gato recortada,
primorosamente, na parede parda.

Não há cor.
Só uma sombra escura em forma de gato inquieto.

E, se por acaso, algum pássaro se mexesse
nos galhos mais fracos,
ajeitando as penas para dormir?

São esses miseraveis,
os primeiros a deixar cair as folhas
pelo outono trepidante abaixo.

Sentava-se num muro
de pedra. propositadamente colocado
ao fundo da rua, com os animais em volta,
e balançava as pernas, silenciosamente.
até o dia nascer.












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