sábado, 15 de setembro de 2018

Quinze

O minha gata Fedra já era adulta, quando caíu de uma altura razoável,
porque foi apanhada desprevenida com o estalar de um foguete mesmo ali ao lado,
e que ressou nos seus ouvidos, explodindo.
Mas, enquanto ia no ar, arqueou o dorso, deu ali umas voltas,
sei lá como fez para aflorar o chão nas quatro patas e aterrar direitinho
Era a quarta vez que lhe acontecia uma perigo daqueles,
tão próximo da fatalidade, e só lhe restavam, portanto, mais três vidas.
Anos depois, ia fixada na perseguição de um rato,
atravessou a estrada em corrida,
mas um carro saíu da curva,
e só teve tempo para dar mais velocidade ao seu corpo elástico
e escapar por um triz.
A penúltima vida gastou-a , no inverno chuvoso do ano que passou,
andou pelo quintal debaixo de uma tempestade, e,
como já não era muito nova para se aventurar em explorações,
com tão rigoroso tempo, contraíu uma pneumonia.
Teve a sorte de ser muito bem tratada e, mais uma vez, se safou.
A minha gata Fedra vive agora só com uma vida.



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