domingo, 23 de setembro de 2018

Um Concerto em #Yamagata

Sentou-se a ouvir a beleza
extraordinária,
e eu,
como inseto inoportuno,
ando aqui a rasar-lhe a cabeça
em voos incomodativos,
enquanto pensa,
ou então,
pouso descaradamente
em cima da mesa.

Vogava  eu num feixe de luz
que lhe está a travessar o quarto,
neste momento,
desde a janela até
à parede diametralmente
oposta,
quando senti a obrigação
de me aproximar,
para a ajudar
a voltar a este mundo
caso se tornasse
necessário.
Foi só por isso
que a fui aborrecer.

Assim que entrei,
embateram à entrada
dos meus ouvidos,
e desfizeram-se imediatamente.

Como não as percebi,
também não as podia reproduzir,
nem tão pouco descodificá-las,
e então,
queria gritar-lhe qualquer coisa,
e não me saía
nem uma das suas muitas
frases genialmente
alteradas.

Só mais tarde verifiquei
que são completamente
intransponíveis,
talvez pela forma eficiente
como estão agregadas,
e, também, porque
não são propriamente palavras.

Portanto, todo o esforço
que pudesse ser feito,
para as agarrar,
resultaria em coisa nenhuma.

Na verdade,
eu que tinha uma vida
de poucos dias,
mas possuia a faculdade
de criar asas rapidamente,
que remédio,
dum verde brilhante
ou uma outra cor qualquer,
aleatória,
mas com aquela tal
beleza extraordinária,
é quando vejo o sol
a pôr-se,
a desaparecer do espaço
inteiro e fechado,
como se o tivessem alugado,
indevidamente,
para uma festa particular
e soturna.

E foi então que entendi,
de forma muito clara
e impossível,
um ligeiro e frágil
tudo ou nada

Era, quem sabe,
o seu sangue que bombeava,
incerto,
no meu próprio coração
e que acabou por adormecer,
por causa dos elementos
misturados
em proporções inadequadas.





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