terça-feira, 25 de setembro de 2018

A Amêndoa Dourada (da série "Era uma vez")

Era uma vez uma menina muito pobrezinha no que respeita a bens materiais, mas muito rica de sentimentos. Quantas meninas não há assim neste mundo?
A mãe tinha morrido quando ela era pequena, quantas vezes isso acontece, e ela viu-se obrigada a ajudar a criar os seu irmãozinhos, todos mais pequenos do que ela.
Um dia, quando fazia "o comer" para a família, já que o pai não a podia ajudar porque trabalhava de sol a sol, e mesmo quando estava de folga não lhe apetecia interromper o telejornal para fazer de sopeira, encontrou uma amêndoa no chão.
E reparou nela porque brilhava como se estivesse revestida a ouro, e foi esse brilho que lhe chamou a atenção. Parecia um sinal divino de qualquer coisa, que ela, naquele momento, não entendeu, mas que mais tarde haveria de perceber do que se tratava. Talvez o sr. prior a pudesse esclarecer quando fosse à missa, no domingo de manhã.
Dito e feito, quando chegou à igreja dirigiu-se de imediato ao padre e relatou-lhe o sucedido.
"Minha doce Lurdinhas, não te deixes iludir. O que encontraste é apenas uma amêndoa com banho de ouro, sem qualquer significado transcendental.", e a menina ficou muito triste e baralhada, de tal forma que até se esqueceu da lengalenga que tinha que pronunciar, juntamente com os demais crentes. E quando digo "demais", é porque eram mesmo demais para uma igreja tão pequena.
Para uma criança tão habituada, desde tenra idade, a proceder como um adulto não lhe foi difícil mexer os lábios fingindo acompanhar os outros, mas, quando saíu para a rua deu largas à sua tristeza e desatou num choro convulsivo, prevendo que a sua vida, a partir daí, continuaria a mesma merda de sempre.
Muito naturalmente,  se se tratasse de uma #avelã, a história teria tido um desfecho diferente, para  melhor, mas quem sou eu para a modificar?



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