domingo, 12 de julho de 2020

Isolindo Nativo não gostava nada de viver naquela aldeia.
ao princípio, quando lá chegara com apenas quatro anos, pela mão da mãe, tudo lhe parecera tranquilo e bonito, mas depressa se apercebeu que algo tremendamente errado se passava pelas ruas desertas a horas mortas, como as da madrugada, em lento amanhecer.

Esta madrugada no  lento amanhecer da insónia,


Se todos nós déssemos, pelo menos uma vez por ano, um donativo para o nativo, tipo dez euros de bondade generosa.




Uma ocasião, ia eu muito calmamente a passear pela Avenida, quando vejo um homem vestido com peles de jacaré, grandes colares ao pescoço, de dentes humanos cariados e daquilo que me pareceu serem olhos de carapau pintados de cores vivas,  e penas coloridas saíndo do seu belo cabelo negro e liso.
Desconfiei logo. Como a curiosidade mata, ou se não mata pelo menos enerva bastante, resolvi tirar todas as minhas dúvidas para poder ir para casa descansada e dirigi-me a ele.
_ O senhor é um #nativo?_ perguntei curiosa.
_Sou_ respondeu-me. _E dos bons!_ declarou com evidente orgulho.
_ Ah! Bem me parecia. Peço desculpa pelo atrevimento. Ugg! É assim, não é, que se cumprimentam?_disse eu um pouco a medo de ter confundido com algum outro idioma.
_Ugg!_respondeu-me com um sorriso de orelha a orelha. _ Apuu guh, qatupiribi_ acrescentou.
Devo dizer que daquela frase já não percebi grande coisa, mas não quis dar parte de fraca e abanei um pouco a cabeça, em sinal de assentimento, como faço quando alguém está a falar comigo e eu já não estou a ouvir à séculos.
_Também para si._ respondi, em modo de despedida.
Foi, de facto, uma feliz coincidência ter passado por ali àquela hora, dado que é raro encontrarem-se e, mais raro ainda, conseguir falar com um.





















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