domingo, 7 de junho de 2020

Tantas Recordações da #Farmácia Amarela, onde a minha avó ia comprar as pírulas todas necessárias!
Levava um cestinho, colocava uma manta pelas costas, de verão e de inverno, não queria saber desses pormenores do tempo.
Ela própria a tricotara com fios de teia de aranha, onde tinham estacionado, obrigatoriamente, na sua queda livre, quando se despegavam da planta, umas pequenas flores violeta, já meias secas, com tons de outono.
Bela capa que construíu, e para mais com um Capuchinho Vermelho a condizer, como ela sempre gostou.
A minha avó era uma pessoa de hábitos, passava sempre na mercearia e na padaria, todos os dias.
Mas também, só havia uma rua para chegar a qualquer lado da aldeia e esses sim, que eram uns lados enormes, feito de montanhas.
Para ir à Vila, era necessário atravessar aquelas íngremes e difíceis subidas, onde encontrávamos o lobo mau, que se desviava do trilho para nos deixar passar, e falavam os dois, tu cá, tu lá, sempre assim quando se cruzavam em território de ambos.
E enquanto me dava a mão para me ajudar a saltar umas raízes mais corpulentas, ía-me
contando a história de um homem antigo que, indiferente a todos, declamava poesia no cimo das serras, cantando a sua aldeia perdida ao horizonte.

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