quinta-feira, 11 de junho de 2020

#Juventude Sem Nome




A senhora está proibída de mencionar pássaros
durante três meses.
As pessoas não têm asas e cansar-se-ão da sua
conversa aérea,
isso é para aves comentarem entre elas
não para humanos,
que querem tudo ao mesmo tempo,
sempre zonzos de  verem tantos em bando,
desarvorados,
rasando o corpo de todos os que desgraçadamente
por lá
passarem no jardim.
Medo!
Veja pela janela, é verdade, as andorinhas
brincam à nossa frente.
E pronto, já me senti persuadido a dar-lhes atenção,
está bem,
mas eu insisto, a senhora não deve oferecer toda
a sua  aos ditos
...eu nem me atrevo a mencionar. nada!
Não é bom para si, nem para ninguém.
Escondem-se nas varandas atrás das velhinhas
que
estendem a roupa com dificuldade,
ou magníficos, enormes,
com as suas cores quietas, acabadas de pousar.
Como se fossem reais.
Não, minha senhora. Não são.
Já recomendei vivamente que pare com isso.
Vê algum, no momento?
Eu não...
Espere, alguns patos descem o rio e, de facto,
vejo duas garças brancas que cismam nas suas
vidas elegantes, com os pescoços
dobrados sobre a água.
Francamente!
Também ouve? Ouve o quê? Ora ouve...Cantos
noturnos?
Isso é que é engraçado, um pássaro noturno que grita
o ano inteiro, escondido na noite.
Que parvoíce estar a dar importância aos pormenores.
Pombas, sim... pombas há muitas por aqui...








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