Já lá vão trinta primaveras acabadinhas de completar,
e mesmo assim, nesta altura do ano,
as putas das flores sempre espantam Bárbara com a sua profusão.
Escondem-se no fim do inverno, atrás dos grandes troncos,
ou dos galhos mais pequenos,
do lixo normal, acumulado em cantos esquecidos
que a chuva ajuda a produzir, quando acontece corrida a vento,
cíclica e cinzenta,
e depois basta que os dias cresçam dentro das barrigas
das suas jovens mães,
se tornem maiores e mais luminosos,
que no tempo certo elas florescem,
e não há como desencantarem quem as viu.
O que faz Bárbara quando
debruça os brincos compridos sobre a terra?
Observa o seu crescimento incompreensível, e espera, também,
os segundos
necessários para que
os pigmentos coloridos das suas pétalas,
sejam borboletas que esvoaçam à frente dos seus olhos,
e cujas asas lhe murmuram
ruídos, próximo dos seus ouvidos.
e lhe rasam o cabelo revolto, onde teimam em se prender.
A cabeça de Bárbara recua, ou avança,
ao tempo dos morangos, veste-se
de violeta sem motivo aparente,
e vai, simplesmente vai, como acontece às sementes que vão caindo.
e vai, simplesmente vai, como acontece às sementes que vão caindo.
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