quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

#Insularidade ou, "Seja Lá o Que Isso Queira Dizer"



Após uma noite em que as águas
extravasaram pelas margens do rio
e as colinas se moveram levando com elas
a iluminação de milhares de luzes amarelas ,
ou sei lá eu quantas, é perfeitamente natural
que o dia tenha amanhecido desumano,
com os raios de sol a atravessarem a atmosfera densa,
tornando metálica a superfície das coisas.

.Só as pessoas se mantinham cor de rosa,
com as suas veias mais ou menos sinuosas,
a marcar de azul o percurso do sangue.

As gaivotas, pois, as gaivotas presentes em todo o lado,
são as gaivotas atrevidas,
procurando o calor das sobras da cidade viva,
uma, inclusivamente, atravessou-se à minha frente
com o bico cheio de comida,
enquanto amanhecia devagar.

(Saltou uma bola de criança para o meio da estrada.)

Depois sentei-me numa esplanada a olhar o espelho de água,
seja lá o que isso queira dizer,
enquanto rodava entre os dedos uma pequena tampa,
e tentava, desesperadamente, construir mais um poema,
sem conseguir.





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