sexta-feira, 8 de julho de 2016

Yakuza ( Enciclopédia Ilustrada )

Aqui à uns anos atrás conheci um membro duma  terrível organização.
Era um homem simpático, ainda jovem, assim para o grande, e tinha um bigode farfalhudo, já carregado de influências lusas, que se enchia de migalhas quando íamos comer uma bifana aos Restauradores.
Um dia, ao passarmos por lá, ele ficou parado na montra, encantado com aquela frigideira enorme, onde borbulhava uma gordura turva e viscosa.
Também foi nesse dia que fiquei a conhecê-lo melhor. "Sabes", confessou, "eu era para ser mau. Muito mau, mesmo! Mas depois conheci a Anabela, fomos viver para Odivelas, e nunca mais me chamaram lá do Japão. O problema é que já não me sinto terrivelmente assassino, e isso prejudica a minha carreira"!
Fiquei apreensiva. Não devia ser fácil. Sugeri-lhe o S.João. " Já experimentaste ir a uma festa, que há cá em Portugal, em que as pessoas compram uns martelinhos, e se dá com eles no toutiço uns dos outros? Talvez que te ajude"!
"Vá, não chores"! Tinha os olhos oblíquos cheios de lágrimas, " Não há lugar para tristezas! Vais voltar a ser péssimo, não tenho qualquer dúvida! Anda daí áquele largo beber uma ginginha, que ajuda muito à malvadez!
Ainda hoje somos amigos

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