sexta-feira, 23 de março de 2018

Espada

Pensava que aquela espada já não lhe poderia ser útil, mas, quando dobrou a esquina, e se deparou com um dragão em fúria, percebeu a recomendação do seu mentor, que era, naturalmente, o professor de Histórias da Carochinha, módulo II, para que nunca percorresse as ruas da cidade antiga, sobretudo aquela zona mais turística, sem a levar consigo.
Foi rápido. Em frações de segundo, desmbaínhou-a, e desferiu um golpe mortal no animal mitológico, que se esvaiu em sangue, mesmo ali à sua frente, entre o Martim Moniz e o Rossio.
O povo, quando se apercebeu da heroíca façanha, nem tinham dado conta do perigo, pois confundiram a criatura com mais uma pomba gorda e oleosa, como há tantas em Lisboa, levou-o em braços até à entrada do metro, que era precisamente para onde ele queria ir.
Houve quem até quisesse transportá-lo mesmo à porta do emprego, mas ele, com a sua humildade natural, e com receio que as pessoas atrasassem as suas próprias tarefas, recusou.










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