quarta-feira, 21 de março de 2018

Cosmo

Já que me engano
constantemente,
direi que ela vive de
sopros ininteligíveis
no cabelo
ou do magma incandescente
anterior  às superfícies geladas.
Que se alimenta
das sobras dos planetas velhos,
Que sente as carícias  que vêm
do mundo inultrapassável
dos queridos mortos,
da figura da mãe,
dos versos,
ou de qualquer outro
universo, naturalmente sobreposto,
ou paralelo.
Não sei onde, nem porquê,
nem como existe
mas é assim que fala,
que comunica
numa morna linguagem
sem a necessidade imperiosa
de ter quatro olhos
ou a pele pintada pintada de verde
forte,
e por isso figurar em galerias
de fantasmas afónicos,
ou extraterrestres etéreos,
cujas canções, sem melodia,
são as línguas, os dedos,
as águas de um #dilúvio
ou de uma maré cheia,
lambendo, suavemente,
as portas dos prédios.
Já que me
engano...




















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