segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Ombro (2015 publicado em EI 017)

A cabeça a mil, inconstante e livre, e á nossa volta tudo permanece incompreensível e tranquilamente no seu lugar.
Nem damos por isso, nos momentos em que os astros saem do sítio, e a nossa visão inquieta confunde a escuridão com a luz do sol, e o mar é água e terra, e nuns minutos pequenos, a vida encantadora e leve, e ás vezes inútil, e às vezes fecunda, equilibra com o peso da morte.
Depois é esperar um pouco, calma, haverá um tempo em que tudo poisará suavemente e ocupará o seu espaço devido, o corpo entrosado com os seus átomos finitos, o desassossego sossegado por momentos, e há quem faça isso, que ofereça todo o peso que carrega nos #ombro(s) e diga: levem! Levem as minhas folhas soltas. Este é o meu grito, o produto da minha inquietação.
Se quiserem deitem para o lixo.

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