sexta-feira, 28 de julho de 2017

James

Não era porque não teimasse que não conseguia concentrar-se no que dizia a professora.
Esforçava-se, tentava, mas uma abelha insistia em chamar-lhe a atenção, ao querer sair pela fresta da janela, até já a tinha aberto um pouco mais, devagarinho, para ninguém reparar, mas o bicho, nitidamente, não percebia a diferença entre a transparência do vidro e o caminho para a liberdade.
Por causa da abelha, que saíu, finalmente, da situação de perigo, olhou lá para fora tentando localizar  onde estavam pousadas as pombas. Tinham de estar muito perto, porque ouvia, nitidamente, o seu arrulhar.
James!_ Chamou a professora, atenta, _Não podes estar ao pé da janela. Muda de lugar._
Sentou-se em frente ao quadro, e olhou, o mais fixamente  que sabia, tinha já aprendido o ano passado, na escola, a fixar o olhar, sobretudo na boca que mexia verbalizando a explicação.
A menina que se levantou, e passou ao seu lado, tinha marcado nas pernas um traço avermelhado, provocado pelo facto de estar muito tempo sentada na cadeira. Quando ela começou a falar admirou-a por saber a lição toda, reparou no seu cabelo, deu conta dos seus ténis cor de rosa, e do anel da professora com uma pedrinha encarnada, e então, apercebeu-se de que, dali, ficava numa posição estratégica para observar muitas cores, e lembrou-se de fazer uma espécie de jogo, procurando objetos na sala primeiro azuis, depois amarelos, e depois cor de laranja.


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