sábado, 8 de julho de 2017

Drogas (EI)

Era uma vez uma avózinha,que vivia num lar, e que era muito bem disposta.
Quando era nova, estava sempre a fazer sorrisos de orelha a orelha, e a produzir aquele som do riso. Esse som, também gostava de o ouvir nos outros, e, melhor ainda, se o fizessem em uníssono, fortes, sonantes, e expontâneos.
Gostava de rir e sempre gostou, e então ria, na sua cadeirinha em frente à televisão do quarto.
... As senhoras que tomavam conta dela todos os dias, à hora certa, davam-lhe um copo de água, depois de, invariavelmente lhe aconchegarem o cobertor aos pés, mesmo que as suas pernas já estivessem completamente sufocadas.
Claro que isso era ridículo, mas, mesmo que não fosse, a velhota, astuciosa, não deixava de soltar sonoras gargalhadas.
Então, a senhora ajudava-a a segurar no copo com a sua mão firme.
"Vá, agora as #drogas:
Uma para a dor, outra para o sangue fluir, outra para reter o fluxo de sangue que flui, outra para dormir descansadinha, e esta, que a senhora parece apreciar tanto, D. Gertrudes, para parar de rir."

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