quinta-feira, 27 de maio de 2021

Indzível

Sem a força da revolta,
ou a beleza da contemplação, nada feito.
Só me vem à ideia a frieza 
dos algarismos e das palavras feias.
A camada de que os revesti era enganadora, 
e eu não quero,
nem os pretendo ocos, ou vazios.
Também por isso,
tratei de mudar de forma rapidamente, 
para observar melhor 
as águas bravas que caem das cascatas, 
e não as cortinas que se agitam
quase nada para trás e para a frente.
E como estava tudo torto, 
fui pôr roupa a lavar...
ninguém põe roupa a lavar nos poemas.
É tão feio!
Estendê-la é outra coisa,
com o vento a bater nos cabelos 
e a imagem versátil das peças 
a ondular em função da corrente, 
e musical, tal como quando
canta um pássaro bem disposto.
Não é o mesmo 
que pegar na sujidade em monte, 
procurar o programa específico, 
carregar nos botões, 
medir os detergentes.
Isso ninguém  faz nos poemas, 
que servem o #indizível apenas.
Terei, então, que mudar uma vida inteira,
aleatoriamente, porque 
sem inventário desapareço,
e não serão as pedras 
umas sobre as outras que falarão por mim.




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