sábado, 2 de dezembro de 2017

Hiena (EI)

Era já noite cerrada, e não havia ninguém nas ruas, àquela hora em que  saíu do bar.
Já tinha bebido bastante e resolveu ir para casa, que era mesmo ali, no Largo do Camões, quando lhe pareceu ver a silhueta de alguém que se dirigia a ele.
Ao aproximarem-se um do outro, confrontou-se com um indivíduo muito bem vestido, de fato e gravata, mas, por outro lado, a sua fisionomia fazia lembrar um animal selvagem.
Pareceu-lhe tratar-se de uma #hiena, mas, não tendo a certeza, resolveu contar uma anedota para confirmar.
Toda a gente sabe que as hienas têm uma maneira de rir muito particular. Quantas vezes não usamos esse subterfúgio para distinguir uma hiena do Pai Natal. A primeira ri-se hihihi, e o segundo, houhouhou, o que é completamente diferente.
A verdade, é que, depois de acabar de contar a anedota, a criatura não se riu, pelo contrário, ficou muito séria, com cara de aborrecida.
"Bom...," pensou, "pode ser uma hiena sem sentido de humor, ou seja, o que acabei de fazer não me dá segurança nenhuma", e resolveu usar da sinceridade porque estes animais são tidos como os mais sinceros das estepes, perguntando-lhe:
Se eu, por mero acaso, já estivesse morto, tu eras capaz de me arrancar uns pedaços para fazeres uma bela duma refeição"?
"Ó pá...! Anda lá, Aníbal! Eu vi logo que estavas a emborcar demais!"

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