quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Quaker (Adap. EI)

Sentei-me no arredondado da pedra que envolvia o fundo do tronco da tília.
Pareceu-me ouvir um bichanar, um zumbido, que tanto podia ser a luz dos candeeiros a incidir sobre as coisas, como um #Quaker, que, como sabemos, é um pássaro solitário, dos que gostam de conversar a meio da noite.
De facto, e depois de me pôr em pé, para tentar ouvir melhor, percebi quem era, e o que me dizia.
Mas que grande sermão que tinha para mim:
"Ou colocas nas letras algo que as transcenda, ou mando varrer isto logo pela manhã, e vai tudo juntamente com as outras folhas!"
"Francamente! Então não posso gastar o tempo como eu quero, a  brincar, como fazem as crianças, com os papeís, e a tinta solvente das aguarelas?
Não  sujo nada, não altero as cores, nem derramo água!"
Não disse mais nada. Levantou vôo e desapareceu, como faz sempre, e fiquei outra vez sózinha, com o meu  misterioso e confortável casaco pelas costas.





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