domingo, 5 de novembro de 2017

Goscinny (EI)

Depois de estudos intensivos sobre o fenómeno, verificou-se que o planeta, sobretudo nos países mais desenvolvidos, estava a atingir níveis preocupantes de criatividade.
Em todas os grupos relacionados, excluindo as áreas tecnológicas cuja inovação é sempre benvinda, havia uma tal profusão de obra, que, nem o mercado suportava, nem os indivíduos conseguiam assimilar tanta imaginação, correndo graves riscos de sáude. Era, portanto, e também, um problema de saúde pública.
Para além destes tremendos inconvenientes, essa sobrelotação de coisas novas impedia, também, que as pessoas se debruçassem sobre o que já estava feito, valorizassem o que já tinha sido inventado, desconhecessem o que tão sublimemente já tinha sido criado, o que é, obviamente, uma má gestão dos recursos.
 A situação foi considerada tão grave que foi decretada a proibição de qualquer manifestação artística,
Acontece que muita gente, uns talvez por doença, outros talvez por rebeldia, não deixaram de produzir, sabendo de antemão, da ilegalidade dos seus atos. e aquilo que parecia ser de fácil resolução, era, afinal, um esquema tão complexo que parecia não ter fim. Havia sempre quem, clandestinamente, criasse, e maugrado, sempre quem quisesse usufruir daquela invenção diferente, por ser fresca e por estar viva.
 Foi então que vários países aderiram áquela que foi designada como operação #Goscinny, e que mandava prender todos os presumíveis artistas e confiscar todo o seu material.
Só algumas décadas depois se entendeu, com satisfação, a relevância deste controlo. O mar estava outra vez repleto de sardinha.



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