domingo, 26 de junho de 2022

#Lazer

A chuva pintou a cidade de azul.

A água era imensa,
mas coube toda no chão,
preencheu o abatimento
e as depressões dos velhos passeios,
e era tão transparente
que refletiu a iluminação  das montras
que vibrava
escondida no nevoeiro.

Aquela cidade, que era azul, 
também,
quando havia sol por causa 
do céu imenso e do rio.

Mas, então, caíu
a noite triste sobre ela, 
a chuva parou de tal forma 
que só os galhos e troncos
caídos no passeio 
e o outono ensopado nas poças
eram vestígios do temporal. 

A noite aquietou as sombras 
que antes se moviam no vento. 

A água coube toda no chão, 
mesmo a que pingava das caleiras
a que tombava das folhas das árvores, 
ou a que descia com elas 
pousando no asfalto sem cor.

Era a cidade azul, por muito verde
que houvesse nas copas das árvores   
ou as telhas fossem vermelhas, 
caíu a noite.

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