quinta-feira, 25 de março de 2021

Não  há  cidade, das que conheço, que acorde tão luminosa como Lisboa. 
Pode ser da largueza do rio, pode ser porque fazemos bom uso das suas colinas e das espreitadelas nos miradouros, o que é certo e sabido é que cidade mais brilhante não  há. 
Eu não  andava à procura  do #Torel. Ainda que estivesse fechado, o ar fresco, o sol a incidir nas folhas mais altas dos enormes plátanos, e o silêncio  da rua eram suficientes para que não  desse por perdido o passeio, mas um velhote com quem me cruzei inesperadamente, tão cedo ainda, encarregou-se de me informar. "Está aberto", foi só o que me disse, sem eu lhe perguntar nada, ao princípio  nem o percebi, só lhe  vi a  figura, de corpo ligeiramente inclinado a dar utilidade à bengala, mas ele repetiu, sem um bom dia, sem nada, só isso, "Está  aberto", melhor bom dia que aquele parecera-lhe impossível, anunciar logo pela manhã, bem cedo, aos caminhantes solitários  estar escancarado o grande portão de ferro, dizer-lhes, "vai lá, começa  o teu dia assim, olhando, não  dês grande importância aos meus passos claudicantes e à minha bengala para caminhar. Ouve só o que te digo: "Está  aberto, o jardim. Vai lá."









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