domingo, 28 de março de 2021



Só deixaram as raízes das árvores 
mas elas, de corpo mutilado,
acabaram por morrer.
A terra estranhou o enredado,
agora moribundo
e que sempre a atravessara
pleno de vida,
furando de forma imprevisível
fungos e líquenes 
nutridos pelo sal que o mar
um dia deixara por ali.
As árvores, como já não existem,
já  não  me escondo atrás delas,
e os fantasmas, que antes nelas habitavam,
acorrem, indignados, a outros lugares
conversando entre si
sobre o movimento ondulante dos galhos
onde antes se sentavam para pensar.



Sem comentários:

Enviar um comentário