sexta-feira, 21 de junho de 2019

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Havia fortes motivos para que se considerasse aquela casa bastante sinistra.
Não só o aspeto do edifício, decrépito, com um jardim em volta, abandonado às ervas daninhas, como, principalmente pela família que nela habitava, de hábitos e fisionomia duvidosos, e que tinham o condão de deixar os outros habitantes, senão amedrontados, pelo menos bastante apreensivos.
Por isso não é de admirar que o carteiro, que tinha de se aproximar, devido às inerências da profissão, tivesse um certo receio de o fazer.
Quando, naquele dia, Silvino Selo se apercebeu que tinha de tocar à campaínha da inóspita casa e falar com uma das estranhas criaturas, ficou apavorado.
Chegou-se à porta, tocou rapidamente no botão, e fugiu, escondendo-se atrás de uma árvore.
A porta abriu-se, lentamente, e ele pôde vislumbrar os contornos de uma figura horrenda, de cabelos desgrenhados e pele escamosa, vestida com os andrajos mais repelentes que ele alguma vez tivera oportunidade de ver.
Não estando ninguém à soleira da porta, o monstro deu um passo em frente, para espreitar melhor fora de casa, e, mirando concentrado, o terreno que o rodeava, percebeu a presença de Silvino.
Então, da sua boca fedorenta saíram sonoras gargalhadas maldosas, que ecoaram por toda a aldeia, e vários outros membros do clã surgiram do nada, andando como mortos vivos na direçao do pobre rapaz.
Do outro lado do lugarejo, o tio Armindo, um homem respeitado por aquelas bandas, estendia a roupa à mulher, num gesto de boa vontade que tinha de vez em quando.
Ao ouvir as risadas tenebrosas, largou tudo e dirigiu-se à barraca das ferramentas onde Ernesta estava a afiar os dentes. Tinha que ser rápido, porque a mulher era alérgica a gargalhadas maléficas e podia sufocar rapidamente.
Começava por sentir a garganta a arder, como se tivesse #lume no pescoço, e havia que atuar com a maior celeridade possível.
Silvino Selo, nesse momento, passava sérias dificuldades. A família monstrusoa perseguia-o pela rua abaixo, enquanto gritava cânticos de guerra.
Felizmente que o portão dos Abreus estava aberto, o que lhe permitiu esconder-se atrás de uma outra árvore, já dentro do quintal particular, e despistar as terríveis criaturas, que acabaram por regressar, frustradas, ao seu antro.
Nesse dia o carteiro jantou com o casal, que conseguiu, facilmente,  convencê-lo a voltar a estudar e ingressar na faculdade.











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