quinta-feira, 15 de junho de 2017

Rimini

  Não fosse o caso da menina ter uma estatura tão pequena, bem esticadinha media apenas um centímetro, Rimini, assim era o nome dela, demonstrava ser uma criança em tudo normal.
  A maior parte das vezes usava um vestidinho encarnado, e, quando chovia, abrigava-se debaixo de uma das múltiplas folhas que profusamente existiam naquele quintal.
  Até aqui nada de extraordinário, quantas vezes já nos deparámos, nas histórias para crianças, com personagens minúsculos, ou, pelo contrário, gigantes transfigurados, partindo sempre da nossa base mais que sólida, assente numa estatura dita normal, não havendo, portanto, para esta criança, qualquer desproporção.
  A verdade é que a realidade era daquele tamanho, e não se espantava, como nos espantaríamos nós, se as gotas de chuva, fossem muito gordas e altas, e contivessem reflexos de aurora boreal.
  Certo dia, em que mais uma vez observava o enorme pingo pendurado de forma instável, na pontinha da folha de borragem, por baixo da qual se encontrava abrigada, Rimini, muito a medo, não fosse aquele enorme depósito de água rebentar e a levar na enxurrada, esticou uma perna, e, com o pé, bateu devagar na parede cristalina.
  Mas aconteceu o que a inocente criança não esperava, e ainda para mais assim tão pequenina. A cápsula de água não ofereceu qualquer resistência, e, a miúda, curiosa, acabou por entrar.

Sem comentários:

Enviar um comentário