terça-feira, 8 de junho de 2021

Em volta da mesa redonda,
que vista de longe era uma 
roda verde sobre a paisagem,
com as cadeiras de ferro trabalhado,
e os arabescos das costas inclinados,
e eles lá sentados, lendo,
cada um deles animado pela respetiva  ilusão.

Agarrei suave, mas firmemente, 
no braço do que estava mais próximo, 
e convidei-o a um passeio pelo jardim.

Dava-se o acaso de estarmos na primavera, que, 
para além das flores sobejamente 
conhecidas pela sua beleza,
também  usufrui da vivacidade das cores, 
única dentro das estações  possíveis 
para um ano inteiro.

Todos os trilhos eram de circunstância,
traçados pela necessidade. As ervas eram 
destruídas matematicamente 
por baixo dos pés dos que passavam.

Um pouco mais para lá, o ressalto do terreno 
obrigava a dois toscos degraus, dos quais o avisei.
Olhou para o chão e assentou os pés  
devagar e cuidadosamente.

Passámos pelo campo das oliveiras, 
árvores rasteiras, palco de batalhas de criança,
que as imaginavam como barcos de pirata 
e aos campos adjacentes como #oceanos sem fim.

Havia um plátano, de tronco magro, 
uma magreza causada pela sujeição aos 
humores desagradáveis do tempo.

Passou indiferente,  
rumo à sua posição de estátua de fonte,
olhando fixamente a pedra da frente,
enquanto a água cai.
Ao fundo, havia um muro, onde brilhavam 
flores cor de laranja viradas para o sol da tarde.



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